No outono da natureza, o ardor do verão desaparece. As plantas revelam o auge da existência com seus frutos maduros e preparam-se para dias frios e secos. Os animais estocam alimentos, fecham-se em suas casas e fortalecem seus ninhos. O cenário que sugere um fim – pois a alegria do calor se foi – na verdade indica extrema esperança pois o novo virá depois do sono profundo. Nos frutos maduros, residem as sementes. Nas lagartas em seus casulos, as borboletas. Nos ninhos dos pássaros, estão seus ovos. Assim também, na nossa festa outonal de Páscoa, presenciamos o fim de um ciclo, o repouso e o renascimento.

Incorporar este sentido de Páscoa é preencher a vida de significados. Afinal, depois de um fim, encontramos a semente de um recomeço. Depois de cada noite, um dia. Depois do dormir, o acordar.
Depois da morte da matéria, a ressurreição do espírito. Frequentemente precisamos
deixar o passado para caminhar para o futuro. Não seria esta atitude uma metáfora para o fato de morrer e renascer?

Para nós, as crianças são os seres humanos que mais naturalmente entendem isso e se alegram quando com as vivências baseadas no sábio conceito do “ressurgir”. Em atividades, brincadeiras e canções, os alunos da Manacá entram em contato com inúmeras histórias elaboradas sob o tema do renascimento, desde narrativas sobre os seres da natureza como de personagens humanos. As figuras protagonistas são arquétipos do que podemos vivenciar na Páscoa,
mas que também permeiam nosso dia a dia, num constante morrer e renascer.

Atua-se neste sentido para garantir que nossos filhos, quando adultos, vivam suas vidas certos de que depois de um fim sempre haverá um recomeço. Para fazê-los lembrar que cada manhã é um renascer e que isso possa dar força para eles quando necessitarem. E assim tenham força de renascer a cada manhã com a confiança de que a dádiva da existência não é um privilégio que se ganha. Mas que precisa ser buscado com esforço de tão escondido que ela pode estar.

Na Escola Manacá, lutamos para que nossa comunidade evolua pela confiança num fato inquestionável:  de que aquele que procura o melhor para si a todo instante, encontra o que lhe cabe.